Urso-unicórnio é minha invenção para conseguir existir nas bordas internas da comunidade queer. Convoco um ser híbrido e plural como alternativa à tribo gay (autodenominada) de ursos que exalta a masculinidade normativa. Reivindico novos imaginários ao produzir o choque entre o unicórnio-pop e a doçura e ferocidade do urso-animal. Desejo e erotismo revelam outros corpos no meu corpo, território gordo e de grande mundo.

Urro é um espetáculo de dança contemporânea em que Andrei Bessa, artista cearense radicado em Lisboa, Portugal, coloca o foco nas particularidades do seu corpo: um homem gordo com seios peludos. “Nesta investigação, valorizo meus traços femininos e fabulo minha própria representação para fugir da masculinidade cis-normativa”, diz Andrei. Uma estratégia de sobrevivência social. Uma busca de uma mitologia própria. É um trabalho autobiográfico com a narrativa dada pela “vibração do corpo”, define ele. A obra pretende  provocar a responsabilidade coletiva na formulação desse novo corpo.

O espetáculo foi concebido em Lisboa, no Programa Avançado de Criação em Artes Performativas  (Pacap 5 – Forum Dança), realizado em 2022, sob orientação dos artistas João Fiadeiro, Carolina Campos e Daniel Pizamiglio. A pesquisa em andamento realizou residências e aberturas de processo em diversas cidades de Portugal (Lisboa, Porto, Ponta Delgada, Odivelas e Almada).

Programação

Quinta, dia 11 de Abril
Lançamento de fanzine
19h30 — 20h

Sexta, dia 12 de Abril
Conversa após o espetáculo

Sábado, dia 13 de Abril
Oficina de desenho com modelo nu ‘Corpaças’
parceria entre Lisboa Drawing Club e Queer Art Lab
16h30 — 19h

Andrei Bessa, performer e dramaturgista de Fortaleza, nordeste do Brasil. Mestre em Artes (Universidade Federal do Ceará, Brasil). Artista da Inquieta Cia. Membro da Vagar Associação Cultural. Em 2021 muda-se para Lisboa para estudar no Forum Dança, no âmbito do PACAP 5, com a curadoria de João Fiadeiro em colaboração com Márcia Lança, Carolina Campos e Daniel Pizamiglio. Atualmente, investiga o seu corpo gordo como material de expansão e expressão artística. Questiona a masculinidade cisnormativa e fortalece corpos não padronizados com o diálogo da suavidade e violência, explorando o pós-pornô. A sua mais recente obsessão é a fabulação do ser mítico urso-unicórnio. Essa pesquisa contempla três desdobramentos: Urro, Anatomias Fantásticas e Para não caber no mundo.