IN é um solo de dança que tem como foco a relação entre corpo e espaço, escolhendo trabalhar em lugares específicos que reduzem as possibilidades de expansão do movimento.
Um corpo respira com o espaço, num fluxo de movimento que deixa aparecer imagens evocativas. Adere aos seus limites e deixa-se moldar no encontro. Aceita a deformação como caminho. A respiração lenta constitui-se como ritmo de base, abrindo a atenção do público para outros elementos: a luz, o som, a pele, as texturas, a atmosfera.

“As costas. Guardar a cabeça nos pés para ter o coração nas costas. Deixar a dança vir pelo ar que circula entre cada vértebra. Deixar a dança vir pelo ar. Deixar circular por dentro. Criar espaços para o dentro ganhar ar. Fazer nascer o vazio, dentro. Mais ar em cada tendão. Dança-osso. Dança-músculo. Respirar o encaixe. Transformar as articulações para caber em toda a parte. Esquecer tudo para poder transformar: mapear costas. Ter mais pescoço no cóxis e ter mais cóxis no pescoço. Perna fora. A perna é asa. O pé é mão. O braço é perna. Rodar sem sair. Dar a volta até ser o contrário sem ter que sair. Sair é cair. Dentro. Muito dentro. Estar bem dentro para saber mudar sem magoar.” Zé Luís Costa

/ ficha artística e técnica

criação e interpretação Valentina Parravicini
colaboração Cristiano Christillin, Mariana Costa, Christian Schwarm
acompanhamento à criação Sofia Neuparth, Margarida Agostinho
produção Cristina Vilhena

/ sobre Valentina Parravicini

Bailarina e criadora na área da dança. Nasceu em Itália, onde teve formação em ballet e dança contemporânea (release, contacto improvisação, floor work, partnering). Aqui começa a sua pesquisa em torno das relações entre movimento e imagem, cruzando as áreas do desenho, fotografia e vídeo. Trabalhou como intérprete em espectáculos e performances de Bruno Catalano, Andrea Buckley, Tino Sehgal, Willi Dorner, Ainhoa Vidal e Peter Michal Dietz. Desde 2009 em Lisboa, integra a equipa artística do c.e.m. – centro em movimento (2010-), colaborando na equipa de orientadores, organização do Espaço Experimental e Festival Pedras. Destaca as suas criações Tocar, dueto com o guitarrista Miguel Pyrrait, Solo Alvo, a partir de uma proposta de Sofia Neuparth e Enquanto as nuvens passam o céu continua. Na área da imagem, colabora com Renata Ferraz e Tânia Moreira David na criação de vídeo-dança.