1 000 061ª (Milionésimo Sexagésimo Primeiro) Aniversário da Arte

1 000 061ª (Milionésimo Sexagésimo Primeiro) Aniversário da Arte
Gaivotas Em Terra

Rua das Gaivotas 6

1 000 061ª (Milionésimo Sexagésimo Primeiro) Aniversário da Arte


Quarta • -

Duração: 240min
Classificação etária: +12
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𝐁𝐈𝐋𝐇𝐄𝐓𝐄𝐒: 5€ / 7€
: : : : : : : : : : : : : : os diferentes valores não correspondem a uma diferença de lugares, apenas permitem que se pague o mínimo ou, sendo possível, que se contribua com mais para apoiar xs artistas

Reservas: €

1 000 061.º ANIVERSÁRIO DA ARTE

A 17 de janeiro de 1963, Robert Filliou, membro do movimento artístico Fluxus declarou que, e curiosamente, no mesmo dia do seu nascimento, a arte celebraria um milhão de anos. Segundo o artista, a arte nascera no momento exacto em que alguém deixou cair uma esponja seca numa tina com água e pensou: mmmm!.

Desde então, artistas celebram este dia um pouco por todo o mundo, com festas, enviando arte-postal, promovendo (re)encontros, bailes, momentos de repouso, exposições, conversas, comes e bebes.

A 17 de janeiro de 1974, o artista multimédia Ernesto de Sousa organizou uma festa comemorativa do 1 000 011.º Aniversário da Arte, a primeira em Portugal, no Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC) na companhia de Alberto Carneiro, Albuquerque Mendes, Alfredo Pinheiro Marques, Armando Azevedo, João Dixo, Jorge Peixinho, Isabel Alves, Teresa Loff, Túlia Saldanha, entre tantes outres, para além de manifestações maoístas e de extrema esquerda à porta (umas a favor, outras contra esta coisa de amar e celebrar a arte!). Estávamos a três meses da revolução dos cravos e a cinquenta anos deste janeiro de 2024, onde queremos convocar musas, artistas e demais revolucionários a pensar a transformação da sociedade a partir do encontro, pegando
numa esponja, quiçá numa esfregona, e elevando a tina de água a sopa artística primordial do século XXI.

Para este dia prometemos um reencontro com George e Billie Maciunas e sua paixão inaudita pela poesia de Florbela Espanca em Our Project de Pedro Lobo, com música de Nuno Lobo e Agostinho Sequeira: uma meditação sobre o ato de tornar algo público enquanto um ato de amor; convidamos-vos de seguida a acordar a terra (e a alma) num ritual de raiva e de luto queer, uma preparação para a ainda distante primavera com bela, artista da Coreia do Sul com casa em Berlim que cruza a electrónica exploratória e o pungmul – uma vertente do folclore coreano que explora o teatro e a dança e as suas ligações às tradições agrícolas ancestrais. Para terminar a noite, deixem-se ficar. Repousar. Reparar. Cuidar do tempo. Juntem-se a um manifesto-performance de Daniel Pizamiglio com USOF e Afonso Gaspar e Miguel Oliva Teles… e… Primeiro Nada… Depois Nada… e por fim Zzz.

18h — 22h

Our Project, de Pedro Lobo
(com Nuno Lobo e Augustinho Sequeira)

 

Our Project conta a história de Our Book: Florbela Espanca Selected Poems. Lançado em 2018, é uma das primeiras traduções para inglês dos sonetos apaixonados da influente poetisa portuguesa do século XX. Através de uma colaboração multidisciplinar entre Pedro Lobo, (investigador e designer), Nuno Lobo (compositor) e Agostinho Sequeira (percussionista), a proveniência do livro é explorada, revelando uma cadeia amorosa de casualidades que inclui o fundador do Fluxus, George Maciunas, a sua parceira de longa data, Billie J Maciunas, e o cineasta Jonas Mekas, entre outros. Desafiando as limitações de uma prática de design orientada para objectivos definidos pelo mercado, Our Project é uma reflexão sobre o processo criativo enquanto uma viagem aberta ao risco e ao acaso.
PEDRO LOBO
Pedro Lobo é designer gráfico/ de comunicação, artista visual e investigador artístico. O seu trabalho procura ativar mensagens através de uma abordagem dialógica, assumindo uma posição colaborativa.
O seu trabalho especializa-se na criação de identidades visuais através da direção de arte, estratégia de design, design editorial, web design e imagem em movimento, com foco no storytelling.

20h

bela
(Jejum#25, com curadoria Colectivo Casa Amarela)

 

Originárie de Paju, na Coreia do Sul, bela (they/them) é músique e artiste performative sediade em Berlim. É conhecide por performances de eletrónica exploratória que funde pungmul —  uma tradição folclórica coreana enraizada nas tradições agrícolas e ligada a movimentos sociais passados — com vocais reminiscentes das expressões mais extremas do metal. bela molda pungmul num ritual de raiva e luto queer por meio de distorções e gritos sub-pesados.
Desde que se mudou para Berlim, no Outono de 2022, bela foi anunciade como participante da SHAPE+ Platform 23′-24′. Apresentou o seu trabalho em diferentes palcos na Europa, incluindo Berghain, Trauma Bar und Kino, Schauspielhaus Zürich, Cafe OTO, A4 Bratislava, entre muitos outros. Actuou nos festivais de música experimental CTM Festival (DE), Ephemera (PL), Unsound Kraków (PL), e Rewire Festival (NL). Participou também nos festivais de arte europeus transmediale (DE) e EVA International (IE). bela é co-organizadore do Sorrow Club: uma série de eventos mistos que vão da música à não-música.

21h — 22h

Primeiro Nada, Depois Nada ou Zzz, de Daniel Pizamiglio
(com USOF e Afonso Gaspar + texto de Miguel Oliva Teles)

 

“Primeiro Nada, Depois Nada ou Zzz” É a abertura de um lugar imersivo que convida o corpo a entrar em verbos como repousar, reparar, desacelerar, estar-com e re-imaginar-se com o outro, com o mundo. Presos num princípio totalizador de produção que só atribui valor ao que é útil, consumível ou lucrativo, vivemos cada vez mais uma vida de aceleração. Como consequência estamos a perder tempo (que se esvazia de vida), lugares (ausentes de sentido e afeto), os outros (humanos e não-humanos cuja alteridade achatamos), nós mesmos e o próprio mundo.
Em “Primeiro Nada, Depois Nada ou Zzz”, para se abrir um espaço e um tempo que recupere o teatro como possibilidade de viver, estar e encontrar, Daniel Pizamiglio convida USOF (João Rochinha) para criar uma cama sonora sobre a qual serão exploraras partituras de movimento com o performer e flautista Afonso Gaspar e um texto de Miguel Oliva Teles.
FICHA TÉCNICA
Criação, direção e performance: Daniel Pizamiglio
Sessão sonora: USOF / João Rochinha.
Performance e flauta: Afonso Gaspar
Texto e acompanhamento na pesquisa: Miguel Oliva Teles
DANIEL PIZAMIGLIO
Daniel Pizamiglio é performer, coreógrafo e pesquisador brasileiro (radicado em Portugal). De 2008 a 2010 fez o Curso Técnico em Dança de Fortaleza (2008-2010). Durante este período encontrou o coreógrafo João Fiadeiro e a partir deste encontro mudou-se para Lisboa em 2012, onde actualmente vive e trabalha. Desde então investiga e pratica a Composição em Tempo Real nos seus processos de trabalho; participou no Programa de Estudo, Pesquisa e Criação Coreográfica do Forum Dança (2015-2016); tem colaborado como intérprete, co-criador e assistente de direcção com diferentes artistas (João dos Santos Martins, Rita Barbosa, Ana Rita Teodoro, Luis Garay, entre outrxs). No seu trabalho autoral, procura um encontro entre a poesia e o corpo (“Dança Concreta”) e como activar a corporalidade dos afectos e da relação (“Por favor, olhar como se fosse a primeira e última vez”). Em 2021, foi convidado por João Fiadeiro para fazer a assistência de curadoria e acompanhamento pedagógico-artístico do PACAP5 (Forum Dança) junto com Carolina Campos e Márcia Lança. Em Janeiro de 2023, estreou na Rua das Gaivotas o seu projeto “M”, uma performance-mourning que faz de um processo de luto um acontecimento coletivo e político.
USOF
USOF é o projeto a solo de João Rochinha, natural do Seixal. Um dos co-
fundadores das editoras Rotten Fresh e surf onde lancou a série “Selections 0, 1 e 2” e o EP “refresh”. Integra também o coletivo Living Room e apresenta o programa “for O” na rádio Quântica. Uma figura da cena jovem de música experimental contemporânea em Lisboa e Portugal, lançando vários mixtapes e remixes para artistas internacionais.
AFONSO GASPAR
Afonso Gaspar é músico e performer. Dedica-seà exploração de uma simbiose entre a música e a performance, quebrando desta forma barreiras tradicionais na música clássica. Nesse sentido procura formar inspirar e criar uma linguagem entre estas expressões artísticas. Acredita que a performance é uma forte ferramenta dinâmica de ensino, cultivando assim uma profunda e melhor apreciação pela música.
MIGUEL OLIVA TELES
Miguel Oliva Teles (Porto, 1989) Formou-se como médico na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Em 2015 muda-se para Lisboa, onde exerce Medicina Interna e Cuidados Paliativos. Escreve poesia (”Errando” Urutau – 2021) e reflexões no seio das artes performativas (jornal Coreia # 3, 4 e 6). Vem colaborando como pensador e dramaturgo com Daniel Pizamiglio (”Primeira e Última Vez”, “Dispositivo B – Madrugada” e “M”) e outres artistas.